PENSAMENTO DO DIA


SUCESSO é NÃO QUERER FAZER e TER que FAZER!
SUCESSO é FAZER ALGO no DIA e na HORA em que VOCÊ MENOS GOSTARIA de FAZER.

(Marco Aurélio F. Viana).


sexta-feira, 8 de junho de 2012

A VIDA E AS ESTAÇÕES






Eu queria que a vida fosse dividida em quatro estágios, mas que não acabasse nunca.
A infância é como a primavera. 
É pura novidade e um calor que não sufoca nem faz pensar bobagens. 
Tem uma inocência quase cafona, uma singeleza clássica, e traz no íntimo a certeza de que pela frente vem coisa boa. 
A gente quer que passe logo, mas sabe que nunca mais será tão protegido, a mordomia não será eterna. 
É quando as coisas acontecem pela primeira vez, é quando num arbusto verde vemos surgir alguns vermelhos, é surpresa, a primeira de uma série.
A adolescência é como o verão. 
Quente, petulante, libidinosa.
Parece que não vai haver tempo para fazer tudo o que se quer e o que se teme. 
É musical e fotogênica. 
Dúvidas, dúvidas, dúvidas em frente ao mar. 
Mergulha-se no profundo e no raso. 
Pouca roupa, pouca bagagem. 
Curiosidade. 
Vontade que dure para sempre, certeza de que passa.
Noção do corpo. 
Festas e religião. 
Amor e fé.
A maturidade é como o outono. 
Um longo e instável outono, que alterna dias quentes e frios, que nos emociona e nos gripa. 
Há mais beleza e o ar é mais seco, porém é quando se colhem os melhores abraços. 
Ficar sozinho (a) passa a não ser tão aterrorizante. 
Fugimos para a praia, fugimos para a serra, as idéias aprendem a se movimentar, a fazer a mala rápido, a trocar de rota se o desejo se impuser, e não é preciso consultar o pai e a mãe antes de errar. 
É o outono que tentamos conservar.
O inverno é como a velhice. 
Tem sua beleza igualmente, exige lã, bolsa de água quente, termômetro e uma janela bem vedada. 
O que não queremos que entre? 
Maus presságios. 
O inverno é frio como despedida de um grande amor, mas sabemos que tudo voltará a ser ameno. Queremos que passe, temos medo que termine. 
Ficar sozinho volta a ser aterrorizante. 
O inverno é branco, é cinza, é prata. 
É grisalho.
E, de repente, também passa.
Eu queria que tudo fosse verdade, que a vida fosse assim dividida em quatro estágios que mais parecem estações do ano, mas que não acabasse, que depois do inverno viesse outra primavera, e outro verão, e outro outono, que nunca são iguais, mas sempre se repetem, sempre voltam, são tão certos quanto o sol e a lua, todo dia, toda noite. 
Eu queria.





(Martha Medeiros).

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